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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Morre Margaret Thatcher, a conservadora que transformou o Reino Unido


Margaret Thatcher, a ex-primeira-ministra britânica conservadora que governou com dureza e transformou o Reino Unido com suas políticas liberais de redução do Estado, morreu nesta segunda-feira aos 87 anos vítima de um derrame cerebral.
No poder entre 1979 e 1990, a chamada "Dama de Ferro" sofria com doenças degenerativas e na manhã de hoje sofreu o derrame que provocou sua morte, informou seu porta-voz, Timothy Bell.
Thatcher, uma figura política imensa por sua influência dentro e fora das fronteiras do Reino Unido, terá um funeral "com honras militares" na catedral de St.Paul, em Londres, em uma data que ainda não foi definida, explicou um porta-voz do governo.
De acordo com alguns meios de comunicação britânicos, Thatcher morreu em uma suíte do luxuoso hotel Ritz de Londres, onde residia desde janeiro para se "recuperar de uma cirurgia menor".
A ex-líder conservadora foi a única mulher a alcançar o posto mais alto do poder no Reino Unido, onde ganhou três eleições gerais consecutivas -1979, 1983 e 1987- e se transformou na política que mais tempo permaneceu no governo no século XX.
Sua morte surpreendeu o primeiro-ministro do Reino Unido, o também conservador David Cameron, que estava em Madri, onde se reuniu com o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy. A notícia fez o líder cancelar sua ida nesta segunda-feira para Paris, onde iria se reunir com o presidente francês, François Hollande.
Cameron disse que Thatcher foi uma "grande líder, uma grande primeira-ministra e uma grande britânica" e destacou que a ela "lutou contra tudo e contra todos" para liderar e "salvar" o Reino Unido.
A rainha Elizabeth II da Inglaterra expressou, em uma nota muito breve, seu pesar pela morte da ex-primeira-ministra e se limitou a comunicar que enviará uma mensagem privada a sua família.
Admiradores e opositores de Thatcher uniram forças para homenagear Thatcher, mas também surgiram muitas críticas daqueles que a consideram uma política que dividiu o país.
O líder do Sinn Fein, braço político do inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), Gerry Adams, disse hoje que Thatcher "causou muito prejuízo" aos povos irlandês e britânico e que "as comunidades de classe operária foram devastadas por suas políticas".
O sucessor de Thatcher, o conservador John Major (no poder entre 1990 e 1997), lamentou a perda de uma pessoa que qualificou de "fenômeno político" e uma "autêntica força da natureza".
"O Reino Unido mudou totalmente e, em grande medida, sob sua liderança", lembrou o ex-líder "tory" aos meios de comunicação.
Na mesma linha, o ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair disse que são "poucos os líderes que conseguem mudar não só o panorama político de seu país, mas do mundo inteiro. Thatcher era "uma verdadeira líder", acrescentou.
Nascida em 13 de outubro de 1925 em Grantham (norte da Inglaterra), Thatcher era originária de uma família de poucos recursos e seu pai foi proprietário de duas lojas de alimentos, mas sua perseverança a levou a estudar química e depois direito.
Com uma personalidade avassaladora e sem se render diante das situações mais adversas, Thatcher ganhou a admiração dos políticos de seu tempo, desde o ex-mandatário dos EUA Ronald Reagan até o antigo presidente da extinta União Soviética Mikhail Gorbachev, assim como do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
A transformação do Reino Unido sob os governos de Thatcher podem ser observadas até hoje no país, onde os sindicatos ficaram enfraquecidos e o setor privado controla muitas das atividades que anteriormente pertenciam ao Estado, como as ferrovias.
Conservadora e eurocética até a medula, Thatcher foi contra o processo de integração europeia e ficou célebre sua frase: "Não, não, não à Europa".
A ex-primeira-ministra também demonstrou por várias vezes sua capacidade de liderança, como quando ordenou em abril de 1982 o desdobramento de uma força militar ao Atlântico Sul para recuperar pela força as ilhas Malvinas, após a ocupação militar argentina.
Hoje, os habitantes das Malvinas renderam uma homenagem a Thatcher e destacaram a "decisão" e o "apoio" da conservadora na guerra.
Thatcher será "sempre recordada" por "sua decisão de enviar uma força militar para libertar nosso lar da invasão argentina em 1982", afirmou uma nota da Assembleia das Malvinas divulgada em nome dos quase 3.000 moradores locais.

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